A parte mais importante da aula
de um verdadeiro educador não é quando ele está ensinando o conteúdo, mas
quando ele está conversando para orientar o aluno. E nessa parte você deve ter
foco total e não achar que é só conversinha. (E sim! Pode ser um sermão! E não!
Não é para você concordar ou não concordar – você não está avaliando opiniões –
você deve ouvir e absorver para si, ainda que não sirva, precisa pensar).
1.“Passa uns dois exemplos de
cada matéria”
Matemática é compreensão de
idéias. Não é substituir fórmulas. Se eu for ensinar juros compostos com a mera
substituição da fórmula para encontrar o M, o C, o n, o i, eu não estou
ensinando nada: achar valor desconhecido em fórmulas você já sabe! Aprender
matemática não é aprender a fazer exercícios – essa é uma pequena parte.
2. “Os outros professores não
fazem assim”
Eu sou um professor com mestrado
acadêmico CAPES 6, 26 anos de experiência, passo em 1º lugar em todos concursos
que faço e já fui efetivo na rede federal. Meus alunos – os que me escutam –
ganham medalhas olímpicas em Matemática e tiram notas altíssimas nos vestibulares,
no ENEM e nos Concursos – tem gente que viaja 100 km por semana para ter aulas
comigo. O que eu estou fazendo está certo, quanto aos outros, eu não costumo
analisar o que meus colegas fazem.
3. “Não foi muito bem
explicado” / “O professor explicou muito rápido” / “A aula foi mal dada”
O professor é um mero mediador
entre o conteúdo e o conhecimento. Há várias estratégias de aprendizado onde
não há nenhuma explicação (a educação a distância é um dos muitos exemplos). A
metodologia do professor na educação presencial também pode ser sem nenhuma
explicação. Além disso é obrigação do ano estudar em casa: “aula dada, aula
estudada”. Ainda se o professor não ensinar nada é função do aluno tomar
providência para aprender o conhecimento, tendo o professor ensinado ou não. É
um absurdo em um curso de licenciatura estudantes não saberem disso – isso é básico.
O que significa é que não interessa se aula foi mal dada, ela pode ser cobrada.
E
Aluno que não faz sua parte não
pode reclamar do professor. Você compareceu pelo menos a 75% das aulas? As
aulas que perdeu você estudou em casa? Você fez os exercícios propostos? Você
leu a teoria dos assuntos que caem na prova antes dela? Você se preparou
durante a disciplina (e não durante a prova)?
E
Geralmente isso é argumento de
aluno que quer fugir de sua obrigação de estudar.
E
Eu dou aulas de altíssima
qualidade – você pode vê-las no meu canal do Youtube. Estão entre as mais bem
elaboradas e estruturadas aulas dentre professores brasileiros. Ainda assim tem
alunos – quase todos descompromissados com o estudo – que reclamam que eu não
ensinei direito. Essa é o pior argumento que pode ser utilizado para tentar
fugir de sua obrigação de estudar.
4. “Eu já fiz essa matéria e
sabia”
Sabia nada. Se você já fez a matéria
com outro professor e aprendeu, não necessariamente vai lembrar tudo, mas com
algum estudo vai recordar o assunto e dominar melhor do que sabia antes. Se
você não consegue refazer não aprendeu a matéria da outra vez. Alguns alunos
tem ilusória sensação de ter aprendido um conteúdo quando o professor só propõe
exercícios fáceis ou aborda de forma simplificada o conteúdo. O domínio de um conteúdo acontece quando você é capaz
de pegar um problema genérico sobre os assuntos e conseguir resolvê-lo pelo menos
em parte.
5. “Eu não tenho tempo de estudar em casa”
Entendemos que há pessoas com
sérias restrições de tempo, e isso é um problema que o governo precisava
resolver, fornecendo bolsas. Porém, a maior parte das pessoas que falam isso
encontram tempo para outros afazeres, inclusive de lazer e repouso. Por mais
atarefada que a pessoa seja, sim, ela tem tempo! Pode não ter tempo em um determinado dia, mas num
período extenso – como uma semana – todos sempre tem tempo. É necessário se
sacrificar para aprender – o sacrifício é parte fundamental da virtude.
E
Se de fato o aluno não tivesse
mesmo tempo, ainda assim isso não eximiria ele das suas obrigações de estudar,
principalmente quando se trata de um curso que habilita para uma profissão. Você
não ter tempo não vai fazer você passar numa disciplina – e pode ser um sério
motivo para o professor considerar que você não deve ter ajuda para ser
aprovado.
6. “Mas eu não quero exercer a
profissão que esse curso habilita”
Imagine alguém que faz auto-escola
pedir para ser aprovado pois nunca pretende dirigir! Ter a CNH significa que
ele pode dirigir, ainda que ele não dirija, ele precisa estar habilitado. O
fato de que você não vai exercer a profissão é indiferente – você está
habilitado para ela. E a experiência mostra que várias profissões – como professor
– acabam sendo a última alternativa para pessoas que nunca desejaram sê-lo.
7. “Vou reclamar para o
diretor / dono da escola / coordenador / supervisor”
O aluno pode, em grau de recurso,
reclamar às autoridades escolares, após conversar com o professor. Mas o
professor tem autonomia didático-pedagógica na condução de seu conteúdo e pode
optar por métodos que talvez não agradem alguns estudantes – principalmente aqueles
que não estão afim de estudar. Muitas vezes a forma que o estudante aborda
essas autoridades (abaixos assinados, menções caluniosas, distorções da
realidade) podem gerar punições aos estudantes – e destruir todas as
possibilidades de uma efetividade pedagógica.
8. "Não sou só eu que penso assim, é a sala inteira"
Argumento falacioso e indiferente. O professor, pelo menos em tese, foi bem formado e sabe o que está fazendo, então, se é a sala inteira, é muito preocupante, pois a sala não está adquirindo os conteúdos atitudinais necessários. Não está sabendo o que faz na sala.
TODOS OS ARGUMENTOS ACIMA são
a tentativa dos estudantes de fugir de suas obrigações, e só acontecem em
escolas onde as autoridades escolares não deixam claro (ou não existe) o
Projeto Político Pedagógico real e não fortalecem o trabalho.
É óbvio que a relação do
professor precisa ser de explicar aos alunos essas situações, e eles devem
estar abertos para ouvir e considerar as ponderações. O professor deve tentar
implementar as mudanças devagar, sem grandes rupturas dando novas oportunidades,
fazendo recuperações, ouvindo os alunos mas o educador precisa falar
diretamente tudo isso – sem ser como sermão, mas com necessária firmeza, agindo
com seriedade e não deixando se influenciar pela pressão – algumas vezes psicológica
– que estudantes fazem e nem fazendo concessões para facilitar a vida do aluno
sem ganho educacional.
Essas posturas acontecem antes de
prova pois há muito aluno que não tem noção de seus deveres e de como funciona
a Educação. Em várias escolas que eu passei isso nunca acontecia – em geral, ocorre
com alunos que não cumpriram suas obrigações.