quarta-feira, 18 de setembro de 2019

O que não fazer como aluno durante uma prova ou antes dela


A parte mais importante da aula de um verdadeiro educador não é quando ele está ensinando o conteúdo, mas quando ele está conversando para orientar o aluno. E nessa parte você deve ter foco total e não achar que é só conversinha. (E sim! Pode ser um sermão! E não! Não é para você concordar ou não concordar – você não está avaliando opiniões – você deve ouvir e absorver para si, ainda que não sirva, precisa pensar).

1.“Passa uns dois exemplos de cada matéria”
Matemática é compreensão de idéias. Não é substituir fórmulas. Se eu for ensinar juros compostos com a mera substituição da fórmula para encontrar o M, o C, o n, o i, eu não estou ensinando nada: achar valor desconhecido em fórmulas você já sabe! Aprender matemática não é aprender a fazer exercícios – essa é uma pequena parte.

2. “Os outros professores não fazem assim”
Eu sou um professor com mestrado acadêmico CAPES 6, 26 anos de experiência, passo em 1º lugar em todos concursos que faço e já fui efetivo na rede federal. Meus alunos – os que me escutam – ganham medalhas olímpicas em Matemática e tiram notas altíssimas nos vestibulares, no ENEM e nos Concursos – tem gente que viaja 100 km por semana para ter aulas comigo. O que eu estou fazendo está certo, quanto aos outros, eu não costumo analisar o que meus colegas fazem.

3. “Não foi muito bem explicado” / “O professor explicou muito rápido” / “A aula foi mal dada”
O professor é um mero mediador entre o conteúdo e o conhecimento. Há várias estratégias de aprendizado onde não há nenhuma explicação (a educação a distância é um dos muitos exemplos). A metodologia do professor na educação presencial também pode ser sem nenhuma explicação. Além disso é obrigação do ano estudar em casa: “aula dada, aula estudada”. Ainda se o professor não ensinar nada é função do aluno tomar providência para aprender o conhecimento, tendo o professor ensinado ou não. É um absurdo em um curso de licenciatura estudantes não saberem disso – isso é básico. O que significa é que não interessa se aula foi mal dada, ela pode ser cobrada.
E
Aluno que não faz sua parte não pode reclamar do professor. Você compareceu pelo menos a 75% das aulas? As aulas que perdeu você estudou em casa? Você fez os exercícios propostos? Você leu a teoria dos assuntos que caem na prova antes dela? Você se preparou durante a disciplina (e não durante a prova)?
E
Geralmente isso é argumento de aluno que quer fugir de sua obrigação de estudar.
E
Eu dou aulas de altíssima qualidade – você pode vê-las no meu canal do Youtube. Estão entre as mais bem elaboradas e estruturadas aulas dentre professores brasileiros. Ainda assim tem alunos – quase todos descompromissados com o estudo – que reclamam que eu não ensinei direito. Essa é o pior argumento que pode ser utilizado para tentar fugir de sua obrigação de estudar.

4. “Eu já fiz essa matéria e sabia”
Sabia nada. Se você já fez a matéria com outro professor e aprendeu, não necessariamente vai lembrar tudo, mas com algum estudo vai recordar o assunto e dominar melhor do que sabia antes. Se você não consegue refazer não aprendeu a matéria da outra vez. Alguns alunos tem ilusória sensação de ter aprendido um conteúdo quando o professor só propõe exercícios fáceis ou aborda de forma simplificada o conteúdo. O domínio  de um conteúdo acontece quando você é capaz de pegar um problema genérico sobre os assuntos e conseguir resolvê-lo pelo menos em parte.

5. “Eu não tenho  tempo de estudar em casa”
Entendemos que há pessoas com sérias restrições de tempo, e isso é um problema que o governo precisava resolver, fornecendo bolsas. Porém, a maior parte das pessoas que falam isso encontram tempo para outros afazeres, inclusive de lazer e repouso. Por mais atarefada que a pessoa seja, sim, ela tem tempo! Pode não  ter tempo em um determinado dia, mas num período extenso – como uma semana – todos sempre tem tempo. É necessário se sacrificar para aprender – o sacrifício é parte fundamental da virtude.
E
Se de fato o aluno não tivesse mesmo tempo, ainda assim isso não eximiria ele das suas obrigações de estudar, principalmente quando se trata de um curso que habilita para uma profissão. Você não ter tempo não vai fazer você passar numa disciplina – e pode ser um sério motivo para o professor considerar que você não deve ter ajuda para ser aprovado.

6. “Mas eu não quero exercer a profissão que esse curso habilita”
Imagine alguém que faz auto-escola pedir para ser aprovado pois nunca pretende dirigir! Ter a CNH significa que ele pode dirigir, ainda que ele não dirija, ele precisa estar habilitado. O fato de que você não vai exercer a profissão é indiferente – você está habilitado para ela. E a experiência mostra que várias profissões – como professor – acabam sendo a última alternativa para pessoas que nunca desejaram sê-lo.

7. “Vou reclamar para o diretor / dono da escola / coordenador / supervisor”
O aluno pode, em grau de recurso, reclamar às autoridades escolares, após conversar com o professor. Mas o professor tem autonomia didático-pedagógica na condução de seu conteúdo e pode optar por métodos que talvez não agradem alguns estudantes – principalmente aqueles que não estão afim de estudar. Muitas vezes a forma que o estudante aborda essas autoridades (abaixos assinados, menções caluniosas, distorções da realidade) podem gerar punições aos estudantes – e destruir todas as possibilidades de uma efetividade pedagógica.

8. "Não sou só eu que penso assim, é a sala inteira"
Argumento falacioso e indiferente. O professor, pelo menos em tese, foi bem formado e sabe o que está fazendo, então, se é a sala inteira, é muito preocupante, pois a sala não está adquirindo os conteúdos atitudinais necessários. Não está sabendo o que faz na sala.

TODOS OS ARGUMENTOS ACIMA são a tentativa dos estudantes de fugir de suas obrigações, e só acontecem em escolas onde as autoridades escolares não deixam claro (ou não existe) o Projeto Político Pedagógico real e não fortalecem o trabalho.

É óbvio que a relação do professor precisa ser de explicar aos alunos essas situações, e eles devem estar abertos para ouvir e considerar as ponderações. O professor deve tentar implementar as mudanças devagar, sem grandes rupturas dando novas oportunidades, fazendo recuperações, ouvindo os alunos mas o educador precisa falar diretamente tudo isso – sem ser como sermão, mas com necessária firmeza, agindo com seriedade e não deixando se influenciar pela pressão – algumas vezes psicológica – que estudantes fazem e nem fazendo concessões para facilitar a vida do aluno sem ganho educacional.

Essas posturas acontecem antes de prova pois há muito aluno que não tem noção de seus deveres e de como funciona a Educação. Em várias escolas que eu passei isso nunca acontecia – em geral, ocorre com alunos que não cumpriram suas obrigações.


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